Uma atitude bem simples como comprar sapatos pode influenciar muito na nossa saúde e principalmente na de nossos pés. Ortopedistas afirmam que maior a parte das lesões dos pés está associada ao uso incorreto dos calçados. A escolha errada pode ter como resultados: deformidades, calos, bolhas e outros problemas mais sérios como: neuromas (acúmulo de tecido no nervo causando inchaço e dor), fascite plantar (esporão), metatarsalgia (dor acentuada na parte superior dos pés onde estão os ossos metatarsos).
Um exemplo é a apresentadora Xuxa que no ano de 2014 teve que ficar afastada da TV para se recuperar de uma sesamoidite no pé esquerdo. O problema decorre de uma inflamação em dois ossos dianteiros do pé, ocasionada pelo uso prolongado de saltos altos ao longo da vida. A doença causa dores, calos e inchaço. Parte do tratamento consiste em não usar saltos por no mínimo seis meses.
Em pesquisa feita pela Universidade de Framingham, nos Estados Unidos, com 3.378 pessoas, indica que usar sapatos desconfortáveis ou apertados durante a juventude pode causar dores, deformações e até artrose nos pés na velhice.
A escolha do calçado ideal deve levar em consideração não somente o quesito beleza que atrai homem ou mulheres. Deve-se estar atento, também, à qualidade, material utilizado, tipo de sola, acabamento etc.
REGRA BÁSICA
"A regra básica é conforto, ou seja, nem apertado, nem largo. As palmilhas e solados devem ser macios, com sistema antiderrapante e formato que não aperte os dedos em cima e nas laterais." – afirma o especialista em podologia Luiz Pedreira da rede Spa do Pé.
Os idosos devem ter uma atenção especial, pois na terceira idade os pés perdem elasticidade e sofrem atrofia muscular o que resulta em uma menor adaptação aos calçados e maior suscetibilidade a dores e calos. Calçados com um bom apoio plantar, a ponta mais anatômica possível (arredondada), salto de 3 a 5 centímetros para relaxamento posterior, ser de tecido macio e que promova a absorção de impacto são os ideais.
"Os calos, por exemplo, são uma resposta do organismo às agressões, e o ideal é sempre procurar calçados adequados. Se não for possível, há os protetores de silicone." afirma Luiz.
O uso contínuo de chinelos e sandálias não é recomendável. Apesar de confortáveis eles não apresentam a anatomia ou a segurança necessária. Os calçados para pessoas mais velhas precisam ter a parte traseira adequada e estável, além de um bom amortecimento. Busque peças mais presas ao pé ou totalmente fechadas. Calçados muito soltos costumam ser perigosos e prejudiciais. Uma opção boa são os modelos com fecho de velcro, ajustáveis e fáceis de colocar para que não fiquem largos ou presos demais.
DIABÉTICOS
Outro grupo que deve estar atento são os diabéticos. Existem sapatos e chinelos próprios para eles. Estes calçados não possuem costuras em lugares que podem ocasionar lesão, são feitos de materiais especiais que não causam atrito por serem mais flexíveis do que um sapato comum. Os diabéticos tem propensão à circulação sanguínea falha ou a sensibilidade comprometida e o uso de calçados inapropriados podem causar machucados e feridas que poderão evoluir para uma infecção, úlcera, ou até perda de dedos ou parte dos pés.
Como os pés podem ficar mais ou menos inchados ao longo do dia, os diabéticos devem dar preferência a sapatos que possam sem regulados por meio de velcro ou cadarços. Porém fique atento para que o sapato não fique apertado demais. Cuidados como estes, além de evitar unhas encravadas, lesões ou alterações estruturais, ajudam amenizar a proliferação de fungos e bactérias.
“No nosso dia-a-dia, a ponta dos pés tende a ficar mais apertada e abafada que o restante da estrutura, por isso, o ideal é escolher modelos que tenham uma biqueira arredondada e larga.” - afirma o podólogo.
Outro ponto que deve ter atenção é o tipo de solado para o pé diabético. Escolha sempre modelos que tenham um solado mais rígido e estável. Eles possibilitam uma base mais sólida na hora de caminhar ou realizar atividades físicas. Além de evitar torções, lesões e mais ferimentos nos pés.
ALGUMAS OUTRAS DICAS SÃO:
- Ser profundo para permitir a utilização de palmilhas adaptadas, próteses de silicone ou fazer alterações personalizadas de acordo com as necessidades.
- O material deve ser de pele natural, para evitar o sobreaquecimento e a acumulação de umidade, principalmente entre os dedos.
- O salto não deverá ser superior a 2 cm para os homens e 4cm para as mulheres. A sola deve assentar toda no chão.
- A base deve ser correspondente à largura do pé e calcanhar, com contraforte e rebordos que acompanhem, mas não que cubram os tornozelos e o tendão de aquiles e o bordo almofadado.
- Solas semirrígidas, de material antiderrapante – borracha ou poliuretano – absorvendo os choques do pé contra o solo.
Parece complexo, mas ter atenção e um cuidado especial na hora da compra pode evitar muitos problemas futuros.